quinta-feira, 10 de julho de 2008

O enterro da vontade sem nome

Eu queria um pé de laranja,
um ramo de jaboticabeira
e uma mangueira d'água.

Aí, eu pegava essa vontade sem nome
e enterrava lá,
junto com o passsarinho azul
que coloquei aos 12
do lado do pé de laranja,
com ramo de jaboticaba.

E regava.
E mandava rezar uma missa.
Com cruz e tudo.
Para ela nunca mais vortá...

passagem

Quando eu morrer,
quem vai me avisar que eu morri?

o saber

As pessoas sabem sobre muitas coisas.
Mas poucas sabem que essas coisas
são só coisas.
Objetos-inanimados.

a voz e a morte

"Hegel, assim como Heidegger, relacionou a capacidade de falar própria do ser humano com sua consciência sobre a morte. Morte que não era apenas o cessar de viver dos corpos vivos, mas um saber sobre o tempo e a finitude da vida que mudava a relação com a vida enquanto podia ser vivida. A condição humana, diferente dos outros animais vivos, era a sua separação da natureza por meio da linguagem. E a voz e a morte eram fatos da linguagem. A primeira levava à linguagem e a linguagem levava a um saber sobre a morte. Tratava-se de instâncias misteriosas para o homem, que estavam ligadas entre si por meio da linguagem."

Marcia Tiburi - revista simples

segunda-feira, 7 de julho de 2008