"Como saber que amor à vida não é uma ilusão? Como saber que aquele que teme a morte não se assemelha ao homem que foi embora de casa quando jovem e não pretende voltar?....Como saber que os mortos não se arrependerão da antiga ansiedade pela vida? Aqueles que sonham com um banquete à noite talvez na manhã seguinte chorem e se lamentem. Aqueles que sonham com lamentos e choro talvez na manhã seguinte saiam para caçar. Quando sonham, não sabem que estão sonhando. No sonho, podem inclusive interpretar seus sonhos. Somento quando estão despertos é que começam a perceber que sonharam. Logo vem o grande despertar, e então descobriremos que a vida é um grande sonho. Durante todo este tempo, os tolos consideram-se despertos e pensam que sabem. Com belas discriminações, fazem distinções entre príncipes e cavalariços. Como são tolos! Confúcio e você, ambos estão sonhando. Quando eu afirmo que você está sonhando, também eu estou sonhando."
Tao O curso do rio - de Alan Watts
sábado, 24 de maio de 2008
quinta-feira, 22 de maio de 2008
terça-feira, 20 de maio de 2008
enviesada
imagem: (farofa/dubem)
Hoje é dia de lua cheia.
E, nessas noites, vira tudo do avesso.
Os gatos cantam em desafino,
luzes piscam no refletor acima,
vidros quebram,
tapetes dobram,
palavras saem
e eu bato a cabeça um pouco mais
de vezes que o habitual.
Eu gosto.
Como eu gosto dos forros
dos meus casacos...
(Mesmo os furados)
E, nessas noites, vira tudo do avesso.
Os gatos cantam em desafino,
luzes piscam no refletor acima,
vidros quebram,
tapetes dobram,
palavras saem
e eu bato a cabeça um pouco mais
de vezes que o habitual.
Eu gosto.
Como eu gosto dos forros
dos meus casacos...
(Mesmo os furados)
segunda-feira, 19 de maio de 2008
domingo, 18 de maio de 2008
a árvore da vida
O sorriso não era o mesmo. Nem o dele, nem o dela.
Tinha uma lágrima escorrida entre seus óculos.
Falavam de companheirismo e família com a certeza de que isso jamais seria possível existir entre eles. E a impossibilidade de vivenciar isso tornava essa possibilidade mais presente ainda. Eles viviam de ilusões. E era assim que se amavam. No fundo, sentiam ódio um pelo outro. Ódio de si mesmo. Ódio de ver a realidade e perceber que ela era bem diferente daquilo que haviam pensado, chorado e sofrido a distância por tanto tempo. A realidade era muito mais feia e sem graça. Ela sugava todas as forças e os jogavam no lixo. A realidade era que a árvore estava seca e a televisão quebrada. E só uma praga verde resistia no canto do vaso e a garantia da tv perdida em meio às papeladas do dia-a-dia. Eram tantas coisas. Eram tantos e nada.
Tinham a certeza de que aquilo que esquentava seus corações era real. O cheiro era real, o toque, o beijo, o sexo. Era no corpo que eles se encontravam. Lá, as fantasias tornavam-se realidade e eles podiam se amar sem pedir permissão um para o outro. Sem pedir permissão para mudar o sonho que um tinha feito do outro. Na cama os sonhos eram os mesmos. E isso fazia com que eles acreditassem que tudo aquilo era possível. Todo o resto. E eles continuavam regando, dia-a-dia, suas plantas. “Um dia elas brotarão”, pensavam juntos, ou “jogaremos os vasos pela janela”.
Elas ainda não brotaram. E eles continuam sentindo solidão um ao lado do outro. E se tornando cada vez mais parecidos. E temendo. E brigando. E se amando. Como nunca dantes.
Tinha uma lágrima escorrida entre seus óculos.
Falavam de companheirismo e família com a certeza de que isso jamais seria possível existir entre eles. E a impossibilidade de vivenciar isso tornava essa possibilidade mais presente ainda. Eles viviam de ilusões. E era assim que se amavam. No fundo, sentiam ódio um pelo outro. Ódio de si mesmo. Ódio de ver a realidade e perceber que ela era bem diferente daquilo que haviam pensado, chorado e sofrido a distância por tanto tempo. A realidade era muito mais feia e sem graça. Ela sugava todas as forças e os jogavam no lixo. A realidade era que a árvore estava seca e a televisão quebrada. E só uma praga verde resistia no canto do vaso e a garantia da tv perdida em meio às papeladas do dia-a-dia. Eram tantas coisas. Eram tantos e nada.
Tinham a certeza de que aquilo que esquentava seus corações era real. O cheiro era real, o toque, o beijo, o sexo. Era no corpo que eles se encontravam. Lá, as fantasias tornavam-se realidade e eles podiam se amar sem pedir permissão um para o outro. Sem pedir permissão para mudar o sonho que um tinha feito do outro. Na cama os sonhos eram os mesmos. E isso fazia com que eles acreditassem que tudo aquilo era possível. Todo o resto. E eles continuavam regando, dia-a-dia, suas plantas. “Um dia elas brotarão”, pensavam juntos, ou “jogaremos os vasos pela janela”.
Elas ainda não brotaram. E eles continuam sentindo solidão um ao lado do outro. E se tornando cada vez mais parecidos. E temendo. E brigando. E se amando. Como nunca dantes.
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