domingo, 23 de setembro de 2012

esperar morrer?

A espera é algo com que sempre tive dificuldade de lidar.
Esperar alguém.
Esperar um resultado.
Esperar o momento certo de falar.
Esperar o dia certo para contar.
Esperar a raiva passar.
Esperar o dia mudar.
Esperar a pessoa falar.
Esperar o tempo chegar.
Esperar.

Quanto mais a gente espera
 - no início -
parece que mais se desespera.
Aí aquela espera,
cheia de palpitações e
confusões mentais,
com o passar das horas,
vai dando lugar para uma lógica,
uma organização mental.
Baseada simplesmente no eu -
pois a espera é sempre só, sem diálogo.
E aí fica ali um vazio explicado.

Tem gente que diz que isso é bom,
que acalma,
que faz com que a gente veja as coisas
com um olhar de fora e tome decisões mais "corretas".

Mas pra que diabos quero ver de fora se estou dentro?
E que decisões "corretas" são essas baseadas na criação intelectual de si mesmo?
Existe realmente organização mental?
Ou isso é nome que a gente dá pra aquilo que a gente sente e quer achar palavra para explicar?

A espera é algo com que sempre dificuldade de lidar.
Esperar o quê?
Morrer?

É para já.

sábado, 22 de setembro de 2012

pedaço atropelado

Hoje eu percebi - por instante, um instante -,
que eu deixei um pedaço de mim naquele asfalto.
Um pedaço atropelado, que ficou lá, morto.
O pedaço que tinha medo,
da solidão,
do abandono.

Pedaço estatelado.
Como um beijo estalado
entre duas faixas de passagem.




quinta-feira, 6 de setembro de 2012

depois da lua cheia

Agora que a lua cheia já se foi
é possível falar.

Dizer do silêncio que se passou,
nos dias de euforia -
da peça no palco,
dos anos completos,
da volta pro mundo em festa.

Foi um silêncio estranho,
novo, dividido,
mas multiplicado também.

Como um brinde sozinha 
com duas taças.
Uma de tinto, outra de branco.

Duas taças minhas.
Sobre a mesma mesa.
Colocadas no mesmo lugar.

É assim que está posto agora.






segunda-feira, 20 de agosto de 2012

terça-feira, 14 de agosto de 2012

tempo presente

Ando pensando muito no tempo.

No tempo que as coisas levam para acontecer.
No tempo que a gente acredita ter.
No tempo que a gente acredita ter tido.
No tempo que a gente ainda quer ter.

No tempo que não percebemos ter.

No tempo.
Futuro,
que quando a gente olha,
quando a gente percebe,
já se fez tempo passado.

E, assim, cada dia se faz no tempo que a gente quiser.

Pode ser um dia longo.
Ou um dia curto.
Um dia cansativo.
Ou um "nem vi passar".

Tudo depende do tempo que a gente tem pra olhar pro tempo.

Tempo presente.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

segunda-feira, 30 de julho de 2012

a infinitude da vida

Ontem meu avô completou 90 anos.
Teve vinho, música e parabéns.
Lá estavam os bivôs e bivós, as tias e tios avós, o avô, as tias e tios, as primas e primos, os irmãos, os cunhados e cunhadas, o sobrinho, o marido e a filha.
Lá estavam as pessoas que de alguma forma no universo foram escolhidas para partilhar essa vida, essa família.
Lá estavam alguns seres que por algum acaso ou definição dividem o mesmo tempo e espaço.
Lá estavam aqueles que, por um motivo ou pelo motivo, um dia não estarão, com uns ou com outros.
La estavam lembranças de um futuro ou um futuro ainda sem lembranças.
Lá estavam. Sendo.
Por um momento definido
E infinito.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

biografias da alma

Recomendo o desfrute deste site, destes depoimentos, destas pessoas.
Impossível parar de assistir.
Pra que parar?
Um pouco de conversas para alimentar a alma e fazer pensar.
Go for it.


quinta-feira, 26 de julho de 2012

Homemcongelado?

Acho que todo mundo na vida tem que passar pelas ideologias e pelos pensamentos radicais.
Faz parte da jornada.

Preste atenção!

Eu disse: passar.

Não fixar.


quarta-feira, 25 de julho de 2012

terça-feira, 24 de julho de 2012

Tudo bem pra vc?

O mau humor deveria ser algo opcional,
que a gente pudesse escolher quando
e com quem.

Seria usado como uma arma.
Não de ataque, causando mais mau humor alheio.

Mas de defesa.
Em silêncio.
Um resguardo para reconstituição do próprio eixo.
Uma escolha em busca do resgate da paz interna.
Livre.
Sem interferências.

Seria algo como:
- Oi, hoje não consigo me relacionar com o mundo. Ou melhor, hoje não quero. Tudo bem pra você?





segunda-feira, 23 de julho de 2012

menina-mãe



Essa coisa de virar mãe é um troço complicado.

Primeiro você é menina quando já se acha mulher.
Depois dizem que você virou mulher quando você começa a se achar menina.

Aí quando você acha que virou mulher, te chamam de profissional.
No meio da profissão, você não sabe mais se é homem ou mulher.

E quando você acha que tá virando homem, você vira mãe.

E junto com mãe, 
você vira homem, 
vira mulher 
e vira menina.

Tudo de novo.


sexta-feira, 20 de julho de 2012

anjos existem - ?


dizem que as recém-nascidos conseguem enxergar os anjos.
posso dizer, então, que voltei a ser tão pequena
num tempo entre o grito de dor e o piscar dos olhos,
entre a linha do ir e vir,
pro além.

Eu vi.

Eles me viram.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

viradas



cheguei num ponto em que
ou explodo
ou me derramo aos poucos.

tem muita coisa vivida que
precisa virar palavra.

palavra escrita. encenada. cantada.
de um fígado despedaçado

que virou útero
que virou feto
que virou gente.

que me virou em muitas gentes.


terça-feira, 17 de julho de 2012

o caminho

tem uma fenda aberta
pra eu passar
sozinha.

só preciso juntar
os muitos pedaços de mim
 - móbile-emaranhado -
e me pendurar na estrada.