sexta-feira, 5 de abril de 2019

Uma noite de lua nova.

De uma noite de lua nova
De uma cabeça pesada,
cheia de sonhos e medos,
fez-se o riso, o pranto.
E um colo de camarim.
Fez-se o gozo vermelho,
o papo reto sem filtro
e uma música repetidamente.

Fiquei assim.
Paralisada.
Sentada.
Olhando
a gota da água
que caía na pia sem parar
e o barulho da geladeira
cortando o silêncio molhado
da madrugada.

E cá aqui estou.
Ainda.
Sentada.
Nua.
Pensando
que apesar de todos os desejos
e a respeito do mundo e de todo mundo,
eu queria por um dia ser só sua. E minha.
Um nó de dois nessa cama vazia.

E que assim que o sol apontasse,
eu pudesse te acordar
com um sorriso largo e um café preto
e dizer, sem pressa: vai, que o mundo é teu.

E depois,
deixaria a toalha molhada secar no sol
para quando a lua voltar.
E eu te esperaria na porta, descalçada.
- Você voltou.

E nesse vai e volta,
nesse molha e seca,
nesse dia e lua,
a gente trançaria os dedos
para sentir o coração perto.
Batendo.
Mais perto.
Tão perto.
Quanto alcança nossos pensamentos.