sábado, 25 de fevereiro de 2017

A multidão e o mar

E aquela multidão de carência invadiu o mar com urros de excitação.
Era preciso ser feliz para preencher o vazio que a noite e o vento teimavam em trazer.
Eles jogavam luz e o rosto dela teimava em ver a escuridão.
Ela subia e descia, mas o que queria?
Uma conversa franca e um abraço apertado de amigo.
Era só um jeito de tentar trazer o mar pra dentro da avenida.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Listas.

É preciso fazer listas para que a saudade não teime em entrar pela fresta da ilusão.
É preciso fazer listas para não esquecer que a ilusão é aquilo que se cria em coração vazio.
É preciso fazer listas para que em breve possamos queimá-las.

Rede de pescaria.

E tinha algo nela torto que teimava em retornar.
Era uma ansiedade gigante de controlar o mundo e de pescar os sentimentos em rede para eles nadarem para um lado só.
E toda vez que a rede enchia, ela rasgava e estourava o cardume.
Saía lasca para todo lado, escama e anzol pontudo.
Ela chorava no fim da noite, quando a luz do sol já fazia rabiscos no mar.
Estava tudo derramado.
Estava tudo derramado.
Não tinha como consertar.
Por hora, só a espera de uma nova onda.
Ou um peixe perdido na encosta.
Por hora, era só a espera de um peixe perdido na encosta.
Perdido, sim, mas querendo pescar.