domingo, 22 de março de 2020

espalhamento de amor.

"Espalhar amor" parece tão clichê.
Mas acho que
no fim
clichê
é julgar
o amor.
Amar nada mais é que
compartilhar:
Afetos.
Pensamentos.
Toques.
Olhares.
Sejamos todos.
Clichês no amor.
Em tempos de fim.
Em tempos de falta de.
Em tempos de guardar
para espalhar.

gosto da morte porque gosto da vida

Eu poderia ter tomado um logan antes de dormir, mas eu lembrei que uma vez pensei que quando eu morrer quero estar bem lúcida para saber como é esta tal de “passagem”. 
Eu não acho que eu vou morrer agora. Nem nos próximos dias. Mas eu gosto de imaginar o que aconteceria se isso acontecesse.
Se meus gatos morreriam de fome, quem me acharia morta e como seria se alguém encontrasse meu corpo nu estendido na cama ou no chão da cozinha.
O que fariam das minhas coisas? Meus livros? Minhas ideias?
Quem cuidaria da minha filha? Lembrariam de escovar os dentes e de lembrá-la que a nossa imaginação é a coisa mais valiosa que temos?
Quem leria meus diários que guardo desde 2014 com todas as obscenidades e verdades sobre meu viver e pensar? Quem choraria escondido por mim? Quem pediria perdão do lado do caixão e quem se arrependeria de nunca ter dito Eu te amo na hora certa. Ou ter dito apenas que foi bom estar comigo, mas queria dizer mais.
E aqueles que sentiriam raiva? Ou dó. Ou nada. Ou que guardariam segredos eternos. 
Ou que simplesmente passariam o dedo numa timelime após ler mais uma notícia de velório.
Que roupa eu vestiria? Vestido? Jeans? Qual calcinha colocariam? E que música tocariam? Será que respeitariam as minhas vontades ou seriam mais práticos? Morto tem vontade?

Eu gosto de pensar nisso. Nessas coisas assim. Não porque eu seja macabra. Tudo bem, talvez um pouco sádica, mas eu gosto de pensar sobre isso para lembrar que eu estou bem viva. Pra me trazer a concretude da vida. E também me lembrar que eu gosto de ser viva. Gosto demasiadamente. Só isso.