sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

amigas de infância

 
 
Eu e a Morte somos amigas de infância.
Ela me liga de vez em quando.
Às vezes manda emails,
prolixos e molhados de saudade.
Às vezes vem em zap zap,
 surpresa.
E, em alguns dias,
ela vem tomar um chá da tarde comigo.
Conversamos horas a fio, tecendo.
Nos conhecemos muito.
E ela acaba ficando para dormir.
 
Quando acordo, na manhã seguinte, ela nunca está lá.
Mas sempre deixa um bilhete em cima da mesa de jantar:
 
"Sinto sua falta. Voltarei em breve. Se quiser, venha me visitar".
 
Eu jogo o papel no lixo
e vou trabalhar.
 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

face à facebook

Esse negócio de facebook acaba comigo.
Não escrevo nada por inteiro.
Quando escrevo, perco tempo tentando entendê-lo.
E, se não escrevo, calo fundo e devaneio.
Aí, numa noite dessas, redescobri os blogs lendo uma amiga poeta,
e voltei aqui.
Espiei cada frase escrita ao longo desses anos todos.
Foi um flashback. Um bom flashback. Ri, me emocionei e chorei.
De mim mesma. Li minha memória. Minha história.

Quando há registro a gente entende um pouco em como viemos parar aqui.
Me entendi um pouco naquela noite.
Vi meu lado luz. Meu lado negro.
Vi que vivo em espirais.
E fiz as pazes comigo. Um pouco, quem sabe.
E decidi: aqui é meu lugar.
De face a face comigo mesma.