sábado, 1 de março de 2008

em busca da origem do café torrado

E hoje ouvi essa:
Vivemos numa "sociedade nescafé"

E eu me pergunto:
Quando vamos ter tempo
de criar tempo
para moer, coar e encontrar
o nosso velho bule de latão amassado
que deixamos na despensa da casa antiga
que foi posta à venda ao mercado
em leilões públicos!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

festinha domingo!


Sabe aquela festança que a gente tava esperando pra se encontrar?Entonces, vai rolar!!
Eu, Alex Gruli, Talita Castro, Edu Reyes, Miro Rizzo e Tuca Notarnicola organizamos.

E é todo domingo!!
Estréia agora dia 02 de março!!!

GAMBIARRA - A FESTA
Salvador Dali - Rua João Adolfo, 126(entre a Trash 80 e o Hotel Cambridge)
R$ 5,00 até 23:00 h. / R$ 7,00 após
Cerveja a R$ 3,00 e Caipiroska a R$ 6,00

Te espero lá...bjinhos!

o vento no canavial

"Não se vê no canavial
nenhuma planta com nome;
nenhuma planta maria,
planta com nome de homem.
É anônimo o canavial,
sem feições, como a campina;
é como um mar sem navios,
papel em branco de escrita.

É como um grande lençol
sem dobras e sem bainha;
penugem de moça ao sol,
roupa lavada estendida.

Contudo há no canavial
oculta fisionomia:
como em pulso de relógio
há possível melodia,

ou como de um avião,
a paisagem se organiza,
ou há finos desenhos nas
pedras da praça vazia.

Se venta no canavial
estendido sob o sol
seu tecido inanimado
faz-se sensível lençol,

se muda em bandeira viva,
de cor verde sobre verde,
com estrelas verdes que
no verde nascem, se perdem.

Não lembra o canavial
então, as praças vazias:
não tem, como têm as pedras,
disciplina de milícias.

É solta sua simetria:
como a das ondas na areia
ou as ondas da multidão
lutando na praça cheia.

Então, é da praça cheia
que o canavial é a imagem:
vêem-se as mesmas correntes
que se fazem e desfazem,
voragens que se desatam,
redemoinhos iguais,
estrelas iguais àquelas
que o povo na praça faz."

- joão cabral de melo neto -

domingo, 24 de fevereiro de 2008

cogumelo atômico

Às vezes faço de mim bomba
e meu corpo se esfacela em Hiroshima.
Minha mente se afoga em pensamentos sombrios
e minha alma pede vela para rezar de joelhos.
Nessas horas, onde a noite parece cedo e o dia tarde,
eu me pergunto: por quê?
os modos adquiridos
a linguagem viciada
a cara mascarada e,
por fim, e talvez por causa
do fim, o medo da morte.