terça-feira, 26 de setembro de 2017

Amor de sapo.

Ela se apaixonou por um sapo.
E ficou esperando que ele virasse príncipe.
O tempo passou, a pele enrugou.
E o sapo murchou.
Aí ela olhou de novo,
depois de um belo tempo,
pegou-o no colo,
e esperou.
E lá, entre uma pele seca e uma língua cumprida,
ela descobriu que amava o sapo exatamente como ele era.

Seco, molhado, desajeitado, feio, bonito,
coaxando ou em silêncio.

Mas com olhos, ah.... os olhos, mais lindos do mundo.
E isso, ela tinha certeza, não mudaria nunca.
Pois falava daquilo que os olhos não vêem,
mas que o coração sente. E muito.

domingo, 24 de setembro de 2017

Sobre mostrar o que se sente.

Ela acreditava no amor e sabia muito sobre as conexões sutis e a importância delas.
Mas muitas vezes fingia que não só pra não se machucar.
O tempo passava.
E a tal proteção da dor virava casca dura.
E a tal da casca dura quando bate, quebra.
E dói ainda mais.
Então, pensando nisso, ela andava falando pelas esquinas mais que antigamente.
Sobre ela, seus amores e intuições.
Quem sabe assim, falando, agindo, mostrando, não haveria mais casca
nem dores. E seria só amores.