sábado, 9 de fevereiro de 2008

mortus consumistas

"O dinheiro compra a cama, mas não compra o sono" - trabalhador rural do interior de Minas

Gilles Lipovetsky, pensador frances, está em voga.
Em seu livro "Felicidade Paradoxal" ele aponta que hoje todos nós vivemos os indícios aparentes da felicidade (vivemos mais, temos a sexualidade livre, boa saúde, bem estar, vivemos em um país livre, etc), mas ao mesmo tempo, não somos felizes. E por quê? Entre idas e vindas, ele de certa forma transita entre aceitar a sociedade do espetáculo e do consumo (e aprender a sobreviver nela, aceitando os prazeres e/ou desejando-os) e apontar os desastres que ela pode causar em uma sociedade, um mundo, onde a distribuicao de renda, do capital, é desigual.
Eu me pergunto - não seria ele o próprio exemplo da modificacao dessa sociedade? Um exemplo da decadência dessa sociedade hiperconsumista, superficial, intermediada por interesses e imagens? Onde o nosso próprio filósofo contemporâneo, pensador, referência hoje mundial, que ministra palestras no mundo todo, perde-se entre o prazer individual de si mesmo e a avaliacao de um mundo em que as regras do mercado e do capital valem mais que a felicidade construída a partir das relacões humanas e pessoais? Onde o próprio filósofo se coloca em cima do muro entre a postura crítica e seu próprio modo de vida. Onde ele mesmo se encontra entregue à democracia do vazio, em que nada satifaz, nada preenche, nada é real ou verdadeiro.
E nós? E você que lê esta coluna agora não estaria já criando uma imagem a partir do verdadeiro significado entre eu e você? Entre eu e o filósofo, entre o filósofo e você?
É preciso falar. É preciso conversar. Trocar.
Talvez nunca tenhamos as respostas. Talvez as respostas sejam formuladas daqui a 100 anos, quando nós já não estivermos aqui. Talvez nem o mundo esteja mais aqui.
Não seria a tentativa de achar uma resposta ou um rótulo o nosso próprio desejo alienado de encontrar a nossa marca?
Perguntas, perguntas....acho que estamos vivos no meio de alguns já mortos.

2 comentários:

Wagner disse...

Boa noite, eu tinha deixado um comentário e deu erro no IE. Se aparecer repetido me desculpe. Achei muito interessante este blog. Adoro saber o que as outras pessoas pensam. Sobretudo os jovens já que estamos construindo uma nação ou ao menos deveríamos nos empenhar para tanto. Eu conheço Gilles pela leitura de "O império do efêmero". Admiro muito a maneira como ele se impõe enquanto intelectual contemporâneo. Sim! Como você propõe o pensamento crítico sobre nosso comportamento social pulsa e demanda atenção. Abraços!

Anônimo disse...

Oi Wagner! Bom saber que a internet possibilita essa troca de idéias e esse diálogo democrático. Assim, vale a pena e estimula ainda mais a discussão sobre assuntos que atormentam e alimentam o espírito humano...rsrs. Abraço e volte sempre!