sexta-feira, 31 de outubro de 2008

o enterro do menino

A Igreja parecia vazia.
A água benta jorrava.
E os mendigos continuavam
sentados
com seus pés tortos
e olhares secos.

Pernas apressadas
pedindo perdão
não tinham tempo,
nem olhar,
pra trás.

Corria solto o boato
de uma chuva
que vinha
limpar.
O céu,
negro,
gritava a dor
do velho
que via tudo
mudar.

Via os mendigos, as pernas, a chuva.
E as meninas de mini-saia a correrem quase nuas.
Via os bancos vazios, os vitrais coloridos,
e as santas
Anna
Maria
Beneditos
e Pedros
Via o caixão do menino que já não era mais.

E rezava.
Para a chuva chegar.
E levar....

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