sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

amigas de infância

 
 
Eu e a Morte somos amigas de infância.
Ela me liga de vez em quando.
Às vezes manda emails,
prolixos e molhados de saudade.
Às vezes vem em zap zap,
 surpresa.
E, em alguns dias,
ela vem tomar um chá da tarde comigo.
Conversamos horas a fio, tecendo.
Nos conhecemos muito.
E ela acaba ficando para dormir.
 
Quando acordo, na manhã seguinte, ela nunca está lá.
Mas sempre deixa um bilhete em cima da mesa de jantar:
 
"Sinto sua falta. Voltarei em breve. Se quiser, venha me visitar".
 
Eu jogo o papel no lixo
e vou trabalhar.
 

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