segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O sino que traz o tempo.

O gato subiu no telhado e roeu todas as minhas roupas.
Depois comeu meus fios, livros, calcinhas e escovas de dentes.
Com o tempo, a minha cama não era mais minha.
E as manhãs também não.
Com o tempo nem o tempo era mais meu.
Aí parei.
E amarrei um sino na coleira dele.
Para que toda vez que ele entrasse no meu quarto
eu ouvisse o aviso de longe.
E me prepasse para isso.
Para que eu eternizasse isso.
Esse instante.
O todo tempo do mundo
entre o saber que o tempo vai acabar
e o fim em si.

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