terça-feira, 13 de novembro de 2007

CLICHÊS



Clichês.
Falsos nomes. Falsas coisas. Mundo falso.
Me sinto agora como um produto enlatado. Um produto Plus. Sur Plus.
Resultado dessa máquina fantasmagórica chamada capitalismo, que vai me roendo, me comendo pelas bordas e ao mesmo tempo por dentro. Dói o desejo do conhecimento, o desejo de ter, o desejo de querer ser. Quero não querer mais nada. Ser. Apenas. Viver com iguais. Mundo idealizado que nunca irá existir de fato.
Me vejo agora como falsa propagandista, enganando a mim mesma a não estar contaminada por este vírus. Ele já tomou minhas células desde o dia em que nasci, onde nasci. Planeta Terra peço socorro. Quero vomitar o meu corpo interno, tripas que sacodem aqui dentro pedindo socorro, alento. Quero dançar na chuva como Gene fez. Quero revolucionar, quero sair, quero ser, quero, quero, quero. Não quero mais nada. Deixa vir, deixa ser. Sou eu. Assim.
Mais nada. Alma penada.
Sou o nada que busca preenchimento. Sou cheia, mas me sinto vazia. Me sinto vazia e só. Tão duro ser solitária sozinha. Neste mundo de imagens feitas, industrializadas, falsas. De pessoas que não se olham, não se enxergam, não se amam. Pessoas que se consomem. Com somem. Sumam daqui!!! Não me venham com xurumelas dindinrescas. Não me venham com retorno financeiro. Não me venham com você precisa ter isto ou aquilo, ser isto ou aquilo, pensar isto ou aquilo. Não me venham com regras, barreiras de cimento. O camino é cinzento, triste, solitário. O camino real é mais real do que o azul que eu imaginava. Cinzento como os arranha-céus, como a cinza do cigarro, como o asfalto velho, como a conta de luz que chega em casa. Cinza como a tela do computador. Como a falsa-realidade. Como a mídia, o dinheiro e tudo o que o homem criou para se matar. Suicídio coletivo. Auschwitz capitalista. Somos todos judeus perseguidos pelo inimigo invisível. Enclausurados neste way of life fast-food.

texto escrito em 18 de janeiro de 2007.




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