segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Pegadas para a casa de dentro.


O cheiro de horta molhada ela carregava nas narinas quando passava pelo esgoto.
Respirava raso o fundo que ainda lembrava do sabor da terra.
Pisava firme no asfalto quente e quebrado vendo seus dedos sumirem entre os grãos de areia e pedalava ao vento vendo as caras, as cenas e tudo aquilo que já existira com ela mas não podia mais.
Quando olhava para o céu buscava estrelas cadentes em meio às nuvens negras e dizia para si mesmo que elas tinham ido se esconder, pois eram tímidas demais para se exibirem na escuridão.
Pelas ruas, fazia dos bueiros e das faixas de pedestres pegadas de antas, de onças e de cachorros do mato. Era o seu jeito de encontrar o caminho de casa.
De voltar para aquela casa que existia mais.
Mais dentro do que fora.
Mais dela do que fora.

Nenhum comentário: