quarta-feira, 9 de agosto de 2017

A escalada e suas despedidas.

Ela decidiu subir o vulcão. Era uma forma de colocar a prova a força do coração.
Era preciso saber até quando e onde a batida forte aguentaria. Ela sabia dos seus limites, mas precisava testá-los. Foi. Passo a pequenos passos. Inspiração-expiração. Parou, respirou, chorou.
Chegou ao ápice. Quis voar ainda mais alto. Não tinha asas, mas conseguiu vislumbrar a perspectiva do voo do condor que passava rasante. Ela tinha chegado lá. Vencido.
Tirou a mochila que carregava e arremessou lá de cima. Tirou uns 43 kg das costas. Se refez em nova pele, meditou, comeu uma maçã e decidiu retornar. Desapegou-se.
Desceu, vagarosamente. Tentando manter na retina da memória cada reflexo da luz da neve. Era bonito demais para se deixar esquecer. Como alguns amores. Como algumas memórias, como algumas vitórias. Que se tornam ainda mais belas quando permanecem na fantasia do que já se foi.
Como a neve que cai branca e vira rio em poucas horas sob o sol forte que brilha alto.

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