sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
domingo, 21 de dezembro de 2008
o quase começo
Sem tempo de mim, sem ordem para entrar aqui.
Esse fim de ano parecia mais um começo.
Sem tempo, sem texto, sem nexo.
Tudo misturado aqui na minha cabeça.
Não havia lógica. Não havia ordem.
Um borrão.
Hoje é a última Gambiarra do ano.
E eu começo a organizar tudo aquilo que foi e ainda está sendo 2008.
Pret-à-Porter, Senhora, Antunes, Caminos, Tapa, viagens, O Ensaio.
Finalizações. Construções.
Maturidade.
Da vida e do amor.
O encontro do parceiro.
O encontro de mim mesma.
Os quase 30.
com todas as loucuras que eu quero inventar no ano que vem.
Ou reinventar.
E fazer mais borrões
para depois organizar.
sábado, 22 de novembro de 2008
domingo, 16 de novembro de 2008
A foto da esquina
E, naquele abraço, no meio da rua, eu percebi o tamanho do pedaço que faltava de mim.
E senti força. E coragem. E amor de irmão.
E um olhar, dizendo:
voa, voa "feia",
que eu vou tá aqui.
Sempre.
E eu fui voar - ainda mais alto do que antes.
domingo, 9 de novembro de 2008
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
Drummond...
verbo amar
amar não é verbo intransitivo,
como o poeta queria.
É transitivo direto.
Uma questão de escolha
entre o sujeito
e o objeto.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
quem pergunta acha
Hoje, aos 30, quero ser também ensinadora de falas.
Falas que as pessoas não tem coragem de dizer,
por orgulho
ou por medo
de amar
o outro
mais que
a si próprio.
E de perder-se.
E se esquecem que:
quem pergunta acha.
as ditas e não ditas
Ou um silêncio.
Eu duvido.
Aí eu escuto de novo.
(Para ter certeza).
Então acredito....
E isso dói.
E marca
com ferro
de boi.
Eu molho,
aí,
com pano ensopado.
O fogo apaga,
a fumaça sai,
mas a marca fica.
Aí eu fico
entre o arrancar a pele
e a pomada melada.
ou mato.
ou me-mato.
as parcas palavras-plumas-facas
é a mesma que a do ator que recria seus personagens.
É sempre um pouco mais...
ou um pouco menos....
Nunca exatamente como a gente escreve,
ou fala.
Eu busco falar a mesma coisa
em várias formas.
E sobre uma forma
várias coisas.
A primeira,
numa delas,
me desculpe.
A segunda,
eu te amo.
E, assim, eu tento aconchegar,
um pouco mais,
as palavras ditas
das sentidas
e sentir menos
as que são ditas
sem sentir.
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
o enterro do menino
A água benta jorrava.
E os mendigos continuavam
sentados
com seus pés tortos
e olhares secos.
Pernas apressadas
pedindo perdão
não tinham tempo,
nem olhar,
pra trás.
Corria solto o boato
de uma chuva
que vinha
limpar.
O céu,
negro,
gritava a dor
do velho
que via tudo
mudar.
Via os mendigos, as pernas, a chuva.
E as meninas de mini-saia a correrem quase nuas.
Via os bancos vazios, os vitrais coloridos,
e as santas
Anna
Maria
Beneditos
e Pedros
Via o caixão do menino que já não era mais.
E rezava.
Para a chuva chegar.
E levar....
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
o retorno
E vi que faz quase um mês que estou sem postar, sem escrever.
E percebi que escrever é criar um pouco de mim. Só para mim.
É um ato meu, de amor-próprio, individual, de auto reconhecimento.
De necessidade.
Descobri isso conversando com uma grande amiga minha escritora.
Portuguesa.
Então, resolvi voltar.
Para mim mesma.
Para conversar mais comigo,
mas também para inventar mais de mim também.
Pois, me disseram, que sou romancista.
Talvez seja por que eu gosto de inventar estórias.
Talvez seja por que eu gosto de vivê-las.
Ou de vivê-las e reinventá-las....
lavar pratos
meio omelete....
em busca de uma frigideira
que modifique meu estado eternamente.
Para que os pratos não fiquem nunca
eternamente limpos.
lavar pratos
meio omelete....
em busca de uma frigideira
que modifique meu estado eternamente.
Para que os pratos não fiquem nunca
eternamente limpos.
notificação de felicidade
Foram 1.400 pessoas na Gambiarra domingo passado.
3 pistas de dança.
Muitos amigos trabalhando juntos.
Muitos amigos se divertindo também.
Muitos sorrisos.
Muitas lágrimas.
E um puta astral no ar.
Inesquecível!
É quase a mesma sensação de comer
uma costela de boi
de 5 real
às 5h30 da manhã
no "buteco d'esquina":
indescritível.
sábado, 25 de outubro de 2008
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
sábado, 18 de outubro de 2008
desaguamento
Lava o tempo
e deságua
o firmamento.
Derrete o asfalto
Leva a dor, a dor.
Um raio de amor
clareou.
Ilumiou.
A água.
Molhada.
Ilumiou.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
Ai ai ai
Sempre soube disso.
Mas ficar sem chão
já é outra coisa.
Cai.
Cai.
Cai.
Espero que coloquem uma cama elástica lá no fim.
refeita vida
E tento refazê-la, dia-a-dia.
Pois, quando eu tiver de devolvê-la,
eu quero saber porque ela me foi dada
assim assim.
pra de lá da virada
Não muito longe daqui.
Onde as águas correm
sobre pedras
E encontram cachoeiras.
Onde os bichos
voam
E fazem cantoria.
Onde se pode ser
aquilo que se é.
Seja sol.
Seja lua.
Seja até
filho de jacaré
misturado
com pomba branca
e formiga saúva.
sábado, 11 de outubro de 2008
sonho de dois
principalmente acompanhadas com furadeiras, pó, carretos bizarros, trânsito na ZL, frango catupiry, cama nova para deitar mais junto e amor que dorme aos trancos e sustos.....
mas...... em dias em que ele chega de longe....
só quando se deita
é que se dorme melhor......
dorme-se com cara de sonho....
sonho de dois.
terça-feira, 7 de outubro de 2008
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
seleção
mas dou bola mesmo é para
minhas risadas,
minha música
e minhas paixões.
sábado, 4 de outubro de 2008
Na descida da curva
A minha rua é a expiação de grandes pecados
De homens ferozes perdendo meninas pequenas
De meninas pequenas levando ventres inchados
De ventre inchados que vão perder meninas pequenas.
É a rua da gata louca que mia buscando os filhinhos
nas portas das casas.
É a impossibilidade de fuga diante da vida
É o pecado e a desolação do pecado
É a aceitação da tragédia e a indiferença ao degredo
Como negação do aniquilamento.
É uma rua como tantas outras
Com o mesmo ar feliz de dia e o mesmo desencontro
de noite.
É a rua por onde eu passo a minha angústia
Ouvindo os ruídos subterrâneos como ecos de prazeres inacabados.
É a longa rua que me leva ao horror do meu quarto
Pelo desejo de fugir à sua murmuração tenebrosa
Que me leva à solidão gelada do meu quarto...
Rua da amagura..."
Rua da Amargura - de "O caminho para distância" - Vinícius de Moraes
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
milk shake
Ele pagou a conta.
E eles nunca mais ouviram falar um do outro.
Depois de anos,
Ela achou que tudo tinha sido um sonho.
E tentava a todo custo descobrir por onde ele andava.
Ele, um pesadelo.
E deletou os emails, os telefones e as fotos do computador.
Eles se encontram anos depois numa lanchonete
E tomaram um milkshake juntos.
Ela pagou a conta dele.
Ele, saiu correndo.
E tudo ficou onde tinha de estar.
quarta-feira, 1 de outubro de 2008
milagres existem
de dedo quebrado/ressaca/bater a cabeça (todo dia!)/TPM/peitos doídos/cólicas/muita coisa para fazer/pouco tempo para realizar.
Aí é tempo de lembrar que tudo pode mudar, se a gente quiser.
E quem me lembrou isso hoje foi o meu amor.
Me mandou um link do blog dele....
Tá aí, postado há mais de 1 ano, para vcs conferirem que milagres existem
e nada melhor que rir de dias como esses!
E comemorar:
Os encontros que nunca ocorrem por acaso.....
A existência da Praça Roosevelt que permite que eles aconteçam....
E a teoria do caos......
http://simulador.zip.net/arch2007-06-03_2007-06-09.html#2007_06-07_01_56_50-100358526-0
("pequenos milagres")
variações do amor
chocolate suíço depois do almoço
vinho depois do jantar
e sexo em qualquer lugar
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
a jabuticaba e a guerreira
Ela, nessas ocasiões, deitava, esticava os braços ao chão acreditando que abraçando o mundo ela se sentiria um pouco menos só. Em vão. Então, sentava e apertava as mãos fechadas. Gritava e dava socos. Para os cegos - ninguém via. Ela criava histórias e assassinatos e conversava com pessoas que não respondiam, e não via. Era uma maneira de despistar a morte.
Quando ela era criança ela aprendeu que a morte era uma mulher de preto e foice na mão. Com o tempo, ela percebeu que ela era a própria foice e que a morte era simplesmente a vontade de usá-la ou não. Ela era a morte. E quando se percebera, já deixava de ser no instante seguinte.
Pois, ser morte era tomar consciência da própria vida. E ela fazia isso consigo mesma com certa frequência. Ela precisava de meios de saber que aquela era uma vida real e não um reflexo de algo imaterial e metafísico. Ela queria a certeza de que estava viva.
Ela queria ser uma jabuticaba. Suculenta, grande, molhada - pronta para ser estourada. Um segundo antes. Em plenitude. Ela queria ser toda jabuticabeira. Ela irrigava ela mesma. Às vezes com lágrimas, às vezes com medos, às vezes com surtos. Ela precisa mudar o estado natural das coisas. Molhar, brotar, líquido-sólido: escorrer suas verdades para depois encontrá-las.
E foi-se. E fez-se.
Com o tempo, troncos duros e cascas secas se formaram. E as jabuticabas começaram a brotar de menos para menos. E quando nasciam, estouravam com certa velocidade. Era a morte em seus canteiros. Constante. Sem tempo da florada próxima. Eram os estouros para os caminhos arriscados. Era a certeza da luta. Era viver sobre a certeza da morte. Sem nada a perder. Era já uma guerreira. Com uma foice na mão e uma vontade de vir a ser. Fogos de artifício.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
um pouquinho do O ENSAIO
Não percam!!!!
http://br.youtube.com/watch?v=64LSXbDKE2E
sábado, 13 de setembro de 2008
passado-presente
terça-feira, 9 de setembro de 2008
carretel de pipa
de onde vim.
volto para as estrelas da capital em breve.
para onde vim.
de lá para cá.
de cá para lá.
metamoforse ambulante
sem Rapa para passar.
sábado, 6 de setembro de 2008
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
a perda do tempo
A palavra já diz tudo.
É coisa de quem ainda não percebeu
que a vida é curta
e tem prazo de validade.
quinta-feira, 4 de setembro de 2008
Lilith
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
sabedoria
A vida
passou
o medo
continuou.
Eu conheci uma mulher que tinha medo da morte.
A morte
passou
o medo
continuou.
Aí,
conheci uma senhora que não tinha medo.
E que viveu 105 anos,
feliz da vida!
linha do tempo
Futuro passado.
Arrota.
E amarrota.
Ou prende tudo dentro,
para fazer passado depois.
Futuro inventado.
domingo, 31 de agosto de 2008
o renascimento
porque eu já estou mais velha
e tudo pode voltar a ser como era
e um pouquinho mais diferente.
O silêncio dos últimos dias
guardavam pedras preciosas
que hj começam a reluzir
e iluminar
todos a minha volta.
De volta,
em um ponto outro
que não mais aquele.
De volta,
E um pouco mais pra frente.
De volta,
E um pouco mais pro lado.
De volta,
E um pouco mais para onde quer que estejas.
O ponto de retorno para mais uma volta.
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
TABACARIA - Parte 1
"Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
E não tivesse mais irmandade com as coisas
Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua
A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada
De dentro da minha cabeça,
E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida.
Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
..."
Álvaro de Campos (F.P.)
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
a espera
nem chá, nem música,
nem texto, nem queijos.
Quando você chega....
nem dor, nem medo,
nem mau humor sem jeito.
Quando você chega.....
Eu me dispo. E me deito.
Em silêncio.
E te amo. Quando você chega.
não mais que de repente....
a palavra.
Vidros estilhaçam,
Carros derrapam
e a vida
nunca mais a mesma.
Há uma cicatriz.
De repente,
outra palavra.
Se sai-se do corpo,
se olha-se.
E vidros e carros
são agora
só perdão.
E a vida vira
outra coisa:
uma feijoada requentada
feito com muito amor.
E muito mais saborosa!
sábado, 16 de agosto de 2008
À Dorival Caymmi...
"Samba da minha terra deixa a gente mole
quando se canta todo mundo bole,
quando se canta todo mundo bole
Quem não gosta de samba
bom sujeito não é
É ruim da cabeça ou doente do pé
Eu nasci com o samba
no samba me criei
e do danado do samba
nunca me separei"
Dorival Caymmi
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Socorro...
terça-feira, 12 de agosto de 2008
a música
Você pode rir, dançar e até chorar.
E ela nunca te manda embora e nem parar de falar.
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
o verbo amar
Tudo.
De construir
De reconstruir
De destruir
De ir, de ir, de ir,
com alguém ao lado
ou dentro da gente.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
a reviravolta do humor
Ou se quer ou não se quer.
Você quer?
Eu?
Não.
(risos)
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
quinta-feira, 31 de julho de 2008
expectativas
A vida é muito organizada."
Herói - O ENSAIO, de Jean Anouilh
por que falar?
por outrem
disfarçam
o nosso próprio medo
da morte.
Os medos afirmados
por nós mesmos
revelam as
certezas sentidas
por outrem.
sábado, 26 de julho de 2008
pés no chão
o melhor é colocar sapatos de chumbo e pisar no aço.
E ajustar o espaço entre o pensamento e o movimento.
E caminhar.
solitária
Nem se faz ou não faz.
Nem se tem ou não tem.
É algo que se está.
Eu estou.
segunda-feira, 21 de julho de 2008
a estupidez humana
O universo e a estupidez humana.
E não estou seguro quanto ao primeiro.”
Albert Einstein.
sábado, 19 de julho de 2008
O ENSAIO
quinta-feira, 17 de julho de 2008
o futuro
Ele nasce e morre a cada instante que se vive.
Presente no instante que se pensa.
E ausente quando se pensa em outra coisa.
Ele nunca deixa de ser, pois ele nunca foi. Ele é.
Agora, e agora, e agora.....
quarta-feira, 16 de julho de 2008
o vazio e o copo
é sempre mais infinito que
o vazio de um copo de cerveja.
- [mesmo que a gente não queira, é assim que é].
quinta-feira, 10 de julho de 2008
O enterro da vontade sem nome
um ramo de jaboticabeira
e uma mangueira d'água.
Aí, eu pegava essa vontade sem nome
e enterrava lá,
junto com o passsarinho azul
que coloquei aos 12
do lado do pé de laranja,
com ramo de jaboticaba.
E regava.
E mandava rezar uma missa.
Com cruz e tudo.
Para ela nunca mais vortá...
o saber
Mas poucas sabem que essas coisas
são só coisas.
Objetos-inanimados.
a voz e a morte
Marcia Tiburi - revista simples
segunda-feira, 7 de julho de 2008
sábado, 5 de julho de 2008
reviravoltas
é como viver sem saber onde aportar
é deixar levar
é deixar acontecer
é vento que leva tempo
é tempo que me leva com vento
é folha que esvai com o tempo
e faz reviravolta a cada movimento.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
domingo, 29 de junho de 2008
quinta-feira, 26 de junho de 2008
passo-a-passo
terça-feira, 24 de junho de 2008
pensamento
a gente já deixa de viver um bocadinho dela.
Ou a gente toma consciência dela?
Do passado?
Do presente?
Do instante que se foi
E do que está por vir?
Quem foi que disse que penso, logo existo.
Eu existo, e por isso penso sobre isso.
instantes
E congelar o momento para ele nunca mais se ir
E mudar
E deixar de ser.
Pois, o tempo, como tempo é,
Quando se vai
Quero dá-lo é um pontapé.
O fim que recomeça
como estava atônito diante de teu berço"
De Marcelo Szpecktor
Pret-a-Porter-Coletanea 1 - Ponto de Retorno
sábado, 14 de junho de 2008
noturnos
Movimento estático.
Buzinas surdas.
Luzes cegas.
E radares....
Milhões de radares.
Não indicam direção.
Mas multam
quando a velocidade é
além da permitida.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
a piada
Até a vida.
Pois, se séria fosse,
não seríamos comidos pelos vermes
depois de anos batalhando e sofrendo
por projetos e amores.
Isso só pode ser uma piada!
domingo, 8 de junho de 2008
sábado, 7 de junho de 2008
Poema Inacabado
que não se desfaz
partindo sem poder partir
sangrando sem poder sanar
ungindo a dois, em dois
o adeus, o amor para estancar o amar
partir a fonte, em meio a noite
parando para então deixar
este coração como uma união
que em si desfaz
partir para poder partir
sangrar para então sagrar
o adeus amor
em dois à deus
a noite a estancar o amar
fugir a fonte, em meio a morte
uma união que de si desfaz."
Texto do poeta Felipe Vaz
sexta-feira, 6 de junho de 2008
O sol morreu
Espumas se misturam com o vento.
No dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei
sentindo saudades do que não foi
Lembrando até do que eu não vivi
pensando em nós dois.
Eu lembro a concha em seu ouvido,
Trazendo o barulho do mar na areia.
No dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei
sozinho olhando o sol morrer
Por entre as ruínas de santa cruz
lembrando nós dois.
Os edifícios abandonados,
As estradas sem ninguém,
Óleo queimado, as vigas na areia,
A lua nascendo por entre os fios dos teus cabelos,
Por entre os dedos da minha mão
passaram certezas e dúvidas
Pois no dia em que ocê foi embora,
Eu fiquei
sozinho no mundo, sem ter ninguém,
O último homem no dia em que o sol morreu."
Música: O último pôr-do-sol - Lenine
quinta-feira, 5 de junho de 2008
A janela aberta
Mas verdadeiro.
O razão de ser inteiro
O ensaio - Jean Anouilh
quarta-feira, 4 de junho de 2008
Ponto sem retorno
as curvas viram retas,
a velocidade aumenta,
o motor esquenta
e não há mais como dar setas,
nem voltar atrás.
Ou você bate.
Ou você sobrevive.
terça-feira, 3 de junho de 2008
O ensaio
Lucile - O ensaio, de Jean Anouilh
sábado, 31 de maio de 2008
salto vertical
uma sucessão de saltos mortais.
Contínuos.
Que se desenham em movimento.
Rizomática.
Incessante.
Com giros
e piruetas.
O "entre"
o trampolim e
o mergulho n'água.
Que só cessa
quando a água seca.
E a gente deixa de flutuar.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
desintoxicação
varsol.
Às roupas,
água.
E às fotos,
caixas.
Está tudo branco. Quieto. Silencioso.
Com um risco de tinta quero-nova.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
segunda-feira, 26 de maio de 2008
sensatez
sábado, 24 de maio de 2008
o sonho
Tao O curso do rio - de Alan Watts
quinta-feira, 22 de maio de 2008
terça-feira, 20 de maio de 2008
enviesada
E, nessas noites, vira tudo do avesso.
Os gatos cantam em desafino,
luzes piscam no refletor acima,
vidros quebram,
tapetes dobram,
palavras saem
e eu bato a cabeça um pouco mais
de vezes que o habitual.
Eu gosto.
Como eu gosto dos forros
dos meus casacos...
(Mesmo os furados)
segunda-feira, 19 de maio de 2008
domingo, 18 de maio de 2008
a árvore da vida
Tinha uma lágrima escorrida entre seus óculos.
Falavam de companheirismo e família com a certeza de que isso jamais seria possível existir entre eles. E a impossibilidade de vivenciar isso tornava essa possibilidade mais presente ainda. Eles viviam de ilusões. E era assim que se amavam. No fundo, sentiam ódio um pelo outro. Ódio de si mesmo. Ódio de ver a realidade e perceber que ela era bem diferente daquilo que haviam pensado, chorado e sofrido a distância por tanto tempo. A realidade era muito mais feia e sem graça. Ela sugava todas as forças e os jogavam no lixo. A realidade era que a árvore estava seca e a televisão quebrada. E só uma praga verde resistia no canto do vaso e a garantia da tv perdida em meio às papeladas do dia-a-dia. Eram tantas coisas. Eram tantos e nada.
Tinham a certeza de que aquilo que esquentava seus corações era real. O cheiro era real, o toque, o beijo, o sexo. Era no corpo que eles se encontravam. Lá, as fantasias tornavam-se realidade e eles podiam se amar sem pedir permissão um para o outro. Sem pedir permissão para mudar o sonho que um tinha feito do outro. Na cama os sonhos eram os mesmos. E isso fazia com que eles acreditassem que tudo aquilo era possível. Todo o resto. E eles continuavam regando, dia-a-dia, suas plantas. “Um dia elas brotarão”, pensavam juntos, ou “jogaremos os vasos pela janela”.
Elas ainda não brotaram. E eles continuam sentindo solidão um ao lado do outro. E se tornando cada vez mais parecidos. E temendo. E brigando. E se amando. Como nunca dantes.
quarta-feira, 14 de maio de 2008
e tropeços
para que uma caminhada
não saia exatamente
como havíamos imaginado...
terça-feira, 13 de maio de 2008
O limite das coisas
as idéias paralisam e o choro aparece,
é sinal de que não há mais nada a fazer,
a não ser o nada.
No chuveiro,
deito.
E,
por alguns segundos,
me esqueço.
segunda-feira, 12 de maio de 2008
domingo, 11 de maio de 2008
sábado, 10 de maio de 2008
quarta-feira, 7 de maio de 2008
universo em desencanto
e na virada quase nada
me restou a curtição.
Já rodei o mundo
quase mudo,
no entando, num segundo,
este livro veio à mão.
Já senti saudade...
Já fiz muita coisa errada..
Já dormi na rua...
Já pedi ajuda...
segunda-feira, 5 de maio de 2008
amorte
Ivan Klima
"Não se pode aprender a amar,
como não se pode aprender a morrer.
Ambos aparecem, atacam desprevenidos."
M.R.P.
sexta-feira, 2 de maio de 2008
sobrinhos do ataíde
e eu a-postei:
"A sua vida não é uma novela, mas eu te acompanho"
coração na mão
esquenta, esfria, esquenta, esfria, esquenta.
Uma hora queima.
o poder e o amor
Um colírio quase acabando.
Um cigarro queimando.
Um espelho. Dois reflexos.
Um tango.
E um sapato voando.
quinta-feira, 1 de maio de 2008
coco rosiesss
As lágrimas foram enxugadas. Os olhares sinceros trocados.
E, em meio a saladas e petit gateaus, o desejo compartilhado
e a cumplicidade selada.
Hoje coco rosie não canta mais dores...
nem amores....
apenas a certeza de que a amizade
sempre retorna se há amor
neste longo, denso e circular
camino real.
terça-feira, 29 de abril de 2008
tenho que ir.
ondas terríveis se formam.
Não estudei, mas sei que o mundo não pertence aos inocentes.
Se for possível, levaremos adiante.
Não tenho medo,
mas é porque nunca pude,
nunca soube como,
me ligar a ninguém.
Tenho que ir.
Nos vemos mais tarde."
Carmem de Godard
aurora de beethoven
Menino
- Isso se chama "Aurora", minha senhora.
Carmem de Godard
O amor e a idealização do verbo intransitivo
- Fica, por favor. Você não vai voltar pra este cara! Pensa direito. Por que você não fica?
CAROL
- Porque não quero que você deixe de me amar."
"Amo-te", de Marcelo Rubens Paiva
segunda-feira, 28 de abril de 2008
do pranto fez-se o riso
"vai desabar água e é pra limpar,
desabar água pra limpar o que tem que limpar,
vai desabar água e é pro nosso bem!"
e eu acredito.
música: gero camilo
quinta-feira, 24 de abril de 2008
caiu na rede é peixe!
mas às vezes num dá peixe....
e a gente vira meio tartaruga meio jacaré.
e fica ali, estirada no barranco, tomando sol.....
terça-feira, 22 de abril de 2008
segunda-feira, 21 de abril de 2008
batidas na cabeça - parte 3
do balcão para testa.
bem no meio de mim.
tem um rombo.
um monte grande assim.
que dói....dói.....dói........
domingo, 20 de abril de 2008
rumo ao invisível
Tem uma roda,
Mas somente os vácuos entre os raios
É que facultam seu movimento.
O oleiro faz um vaso, manipulando a argila,
Mas é o oco do vaso que lhe dá utilidade.
Paredes são massas com portas e janelas,
Mas somente o vácuo entre as massas
Lhes dá utilidade -
Assim são as coisas físicas,
Que parecem ser o principal,
Mas o seu valor está no metafísico."
Tao Te Ching/Lao-Tsé
sábado, 19 de abril de 2008
a teia e o nó
sexta-feira, 18 de abril de 2008
o caos....
Um ônibus que bate, um corpo que cai, uma punheta no chão.
Um camelô que corre, uma arma que ama, uma morte com grana.
Um bilhete premiado.
Ou não.
O acaso.
O encontro.
O caos.
O pranto.
Gol.
Valeu pelos jogadores Gruli, Gatti, Mel e Bianchi.
E obrigada pelo técnico Otávio Martins.
Em cartaz:
Teatro Augusta
De quarta a sexta, 21h
Recomendo.
quinta-feira, 17 de abril de 2008
gambiarra grulesca....
Alex Gruli, Anna Cecília Junqueira, Edú Reyes,
Miro Rizzo, Talita Castro e Tuca Notarnicola
convidam para
Gambiarra - A Festa!!!!
Domingo
20 de abril
VÉSPERA DE FERIADO!!!!!!!
http://gambiarra.afesta.nafoto.net/
100.000 acessos!
afinal é ANIVERSÁRIO DO GRULI!!!!!
no SESC Paulista de
Cachorro, do grupo Teatro Independente (RJ)!!!
Até domingo!!
Bjuss
quarta-feira, 16 de abril de 2008
segunda-feira, 14 de abril de 2008
batidas na cabeça - parte 2
Abri as pernas, entreguei as chaves
e percebi que eu me tornara a pessoa mais indefesa do mundo.
Sem armas,
dormi.
Esperando que o destino escreva
o que eu não pude escrever.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
batidas na cabeça - parte 1
E tudo o que eu tinha combinado
já havia se descombinado.
E eu já estava com dores, na barriga.
E eu fiquei ali parada, sozinha, pensando:
Onde foi que eu deixei meus óculos??
E fugi,
meio sem perna,
meio sem coração.
Aí no carro dei uma chacoalhada na cachola
para ver se as coisas voltavam pro lugar.
Foi em vão.
domingo, 6 de abril de 2008
sábado, 5 de abril de 2008
sexta-feira, 4 de abril de 2008
por trás do dito
quinta-feira, 3 de abril de 2008
vá ao teatro
http://teatrodoincendio.blogspot.com/2008/03/senhora-dos-afogados.html
eu também recomendo!
das tumbas para a vida
lá da ilha onde as mulheres usam sandálias de frescor
aí eu volto para viver o que não foi
e prometo fazer tudo mais direito e com muito menos dor
transmutação
se eu morrer entre hj e amanhã
vou poder dizer:
tudo valeu a pena quando a alma não é pequena
terça-feira, 1 de abril de 2008
segunda-feira, 31 de março de 2008
sorriso de plástico
(ouve a piada e não ri)
- Conta, por favor.
(ouve outra e não ri)
- Conta vai!!!
(ouve mais uma e permance em silêncio)
- COOONTAAAA!!
O outro responde:
- Puta que pariu!!! Como você é chata e sem graça!!!!
(E sai. Ela ri. Muito. Gargalha)
cada prisma
é saber que, apesar de tudo,
e de todos, da música e dos almoços,
continuamos sozinhos.
até a morte.
e que a cada gesto,
palavra ou risada,
se constrói uma história
minha,
sua,
deles.
e mesmo se juntássemos todas,
mesmo assim, nunca chegaríamos numa.
somos prisma.
refletimos luz.
e colorimos todos.
cada um
a cada um.
e todos.
e todas.
sábado, 29 de março de 2008
Estréia do Senhora dos Afogados
Foi lindo....
Processo denso,
que me levou às profundezas
para retornar à proa.
Viva. Muito Viva.
Tem lógica.
SENHORA DOS AFOGADOS
de Nelson Rodrigues
Direção de Antunes Filho
Sexta e sábado às 21h
Domingo às 19h
Teatro Sesc Anchieta
R. Dr. Vila Nova, 245
Tel: 3234-3000
terça-feira, 25 de março de 2008
bossa nova
fosse medido pela voz,
eu diria que
muitas vezes
eu acordo desafinada.
Pois, como o tom
do Tom,
no meu peito
também bate um coração.
segunda-feira, 24 de março de 2008
torta-ruga
tortaruga
torta
encolhe os braços que abraçam
enruga os olhos que vêem
coloca o rabo para dentro
lento...lento.....lento....
e se fecha na casca oca
e dura.
E dura.....
domingo, 23 de março de 2008
sei lá...
E sinceramente não vejo saída.
Como é, por exemplo, que dá pra entender:
A gente mal nasce, começa a morrer.
Depois da chegada vem sempre a partida,
Porque não há nada sem separação.
Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão.
Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão.
A gente nem sabe que males se apronta.
Fazendo de conta, fingindo esquecer
Que nada renasce antes que se acabe,
E o sol que desponta tem que anoitecer.
De nada adianta ficar-se de fora.
A hora do sim é o descuido do não.
Sei lá, sei lá, só sei que é preciso paixão.
Sei lá, sei lá, a vida tem sempre razão."
- "Sei lá....a vida tem sempre razão" (toquinho/vinícius de moraes) -
quinta-feira, 20 de março de 2008
entre tempos
sei lá...pode acontecer de tudo.
ou nada.
e o nada pode ser tudo....
terça-feira, 18 de março de 2008
com elis
"Não quero lhe falar
Meu grande amor
Das coisas que aprendi
Nos discos...
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa...
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens...
Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina, na rua
É que se fez, o seu braço
O seu lábio e a sua voz...
Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pr'o sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro da nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva
Do meu coração...
Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como
Os Nossos Pais...
Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois
não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando...
Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem...
Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como Os Nossos Pais..."
auto-mutila-ação
o sangue corre pelo corpo, pela alma.
A decadência.
O caminho atraente é tortuoso.
É lancinante.
A solidão vira pós na antemão do prazer.
Imediato.
Alucinação.
Viagem vida sem sentido.
Não lembro nomes, datas, nem horas.
Passa sem sentido por mim a vontade de não sei o quê.
O choro escorre.
O sangue dolore.
E a alma fica escura. Negra.
Perco os sentidos.
Multi-personalidade.
Dupla vontade.
Sem caminhos dentro de si.
E tantos do lado de fora.
Cega fico.
Cega pinto, com carvão.
Rabiscos de sinais enviados.
Preto no branco.
Tá tudo cinza.
segunda-feira, 17 de março de 2008
pronto-socorrido
E por dentro uma cor que só.
Ou, uma dor que só.
É que dor com cor
dá DC: "destinado à confusão"
Destruam as ambulâncias
que minha alma tá ficando colorida!
sexta-feira, 14 de março de 2008
ave migratória
Em ser avestruz.
Com pele, couro e penas.
E poder esconder a minha cabeça na areia ao primeiro sinal de perigo.
quebra-gelo
Mais com jeito de geladeira de duas portas.
Freezer. Fábrica de gelos. E depósito de left-over.
São Paulo hoje ficou mais vazia.
Tanta gente sexta-feira.
E cheia de solidão.
São Paulo hoje me fez chorar.
Corpos largados na rua.
Carros parados, gente nua.
Gente-fome. Sem nome
E cheia de senão.
São Paulo hoje trancou as portas e jogou as chaves no Tietê.
Não sobrou peixe, nem mato, nem flor.
Sobrou só o meu quarto. Quieto. Oco. Só.
Ou foi meu coração?
quinta-feira, 13 de março de 2008
tem mais gambiarra-afesta domingo - dia 16!!
GAMBIARRA - A FESTA!!!!
Aniversários de Rodrigo Bolzan e Ana Carina Linares!
Entrada: só R$ 5,00 até 23h, depois R$ 7,00.
domingo, 9 de março de 2008
eu uso óculos, de grau
meio claro, meio escuro
meio grau
embaçada a vida tá
que vira a vista
de fora
para dentro
e faz ver a lesma
vesga
que sou
estou caracól-caramujo de aro grosso
com lentes que refletem a dúvida
e mexem no meu olhar
sobre as placas das ruas
de nomes tão pequenos
e significados tão.......tão........
Cadê meus óculos???
mundo grande
É muito menor.
Nele não cabem nem as minhas dores.
Por isso gosto tanto de contar.
Por isso me dispo,
por isso me grito,
por isso freqüento jornais, me exponho cruamente nas livrarias:
preciso de todos.
Sim, meu coração é muito pequeno.
Só agora vejo que nele não cabem os homens.
Os homens estão cá fora, estão na rua.
A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava.
Mas também a rua não cabe todos os homens.
A rua é menor que o mundo.
O mundo é grande.
Tu sabes como é grande o mundo.
Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão.
Viste as diferentes cores dos homens,
as diferentes dores dos homens,
sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso
num só peito de homem....sem que ele estale.
Fecha os olhos e esquece.
Escuta a água nos vidros,
tão calma. Não anuncia nada.
Entretanto escorre nas mãos,
tão calma! vai inundando tudo...
Renascerão as cidades submersas?
Os homens submersos - voltarão?
Meu coração não sabe.
Estúpido, ridículo e frágil é meu coração.
Só agora descubro
como é triste ignorar certas coisas.
(Na solidão de indivíduo desaprendi a linguagem
com que homens se comunicam.)
Outrora escutei os anjos,
as sonatas, os poemas, as confissões patéticas.
Nunca escutei voz de gente.
Em verdade sou muito pobre.
Outrora viajei
países imaginários, fáceis de habitar,
ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio.
Meus amigos foram às ilhas.
Ilhas perdem o homem.
Entretanto alguns se salvaram e
trouxeram a notícia
de que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias,
entre o fogo e o amor.
Então, meu coração também pode crescer.
Entre o amor e o fogo,
entre a vida e o fogo,
meu coração cresce dez metros e explode.
- Ó vida futura! nós te criaremos."
- carlos drummond de andrade -
sábado, 8 de março de 2008
o que virá....
só me resta deitar e pensar: o que mais há de vir?
sexta-feira, 7 de março de 2008
da dor ao louvor
um bocado de ansiedade, mais um pouco de retensão,
uma pitada de desentendimento com mais um pouco de pressão,
e uma porção de coisas mal entendidas dentro de si.
então:
tomou bombas antinflamatórias para não se queimar
e algumas cápsulas de antibiótico para combater
a urina que teimava em queimar seus órgãos internos.
e assim se Fez, com louvor:
jogou toda a merda no ventilador. E brincou.
gambiarra da mulher do trem
sábado, 1 de março de 2008
em busca da origem do café torrado
Vivemos numa "sociedade nescafé"
E eu me pergunto:
Quando vamos ter tempo
de criar tempo
para moer, coar e encontrar
o nosso velho bule de latão amassado
que deixamos na despensa da casa antiga
que foi posta à venda ao mercado
em leilões públicos!
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
medicação contra-indicada
dos amigos que se perderam
na correria da insanidade
de se viver nessa cidade
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
festinha domingo!
Sabe aquela festança que a gente tava esperando pra se encontrar?Entonces, vai rolar!!
Eu, Alex Gruli, Talita Castro, Edu Reyes, Miro Rizzo e Tuca Notarnicola organizamos.
E é todo domingo!!
Estréia agora dia 02 de março!!!
GAMBIARRA - A FESTA
Salvador Dali - Rua João Adolfo, 126(entre a Trash 80 e o Hotel Cambridge)
R$ 5,00 até 23:00 h. / R$ 7,00 após
Cerveja a R$ 3,00 e Caipiroska a R$ 6,00
Te espero lá...bjinhos!
o vento no canavial
Contudo há no canavial
Se venta no canavial
Não lembra o canavial
É solta sua simetria:
Então, é da praça cheia
domingo, 24 de fevereiro de 2008
cogumelo atômico
e meu corpo se esfacela em Hiroshima.
Minha mente se afoga em pensamentos sombrios
e minha alma pede vela para rezar de joelhos.
Nessas horas, onde a noite parece cedo e o dia tarde,
eu me pergunto: por quê?
os modos adquiridos
a linguagem viciada
a cara mascarada e,
por fim, e talvez por causa
do fim, o medo da morte.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
o argumento do tempo
Tá legal, eu aceito o argumento
Mas não me altere o samba tanto assim
Olha que a rapaziada está sentindo a falta
De um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim
Sem preconceito ou mania de passado
Sem querer ficar do lado de quem não quer navegar
Faça como um velho marinheiro
Que durante o nevoeiro
Leva o barco devagar
- paulinho da viola -
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
O mergulho
Mergulhou-se inteira.
Molhada. Saiu vazia.
E sentiu - não medo, mas o vazio da morte.
O vazio da felicidade. Pleno e eterno.
Do eterno devir.
Do que és ali.
E do que está aqui.
Do gozo.
Escancarada.
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
Donde? Quien lo sabe?
as luzes se acenderam
e o pesadelo acabou
não era uma noite como outras
tinha febre
e vacilava
entre o grau sido
e o que estava por vir
estava de cama
sem movimentos
sem cores, cantos ou textos
restava apenas
o que dela já não sabia mais se era
e um pedaço de pão no bolso
para alimentar
o novo caminho
que estava por vir
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
o eterno retorno
tentando encontrar as estrelas que caíram do céu
para jogar de volta para lá
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
a relatividade da vida
Quando se está quente, parece longa.
Quando se está acompanhada, parece pouca.
Quanto se está de mochila, faz peso demais.
Quando se está de óculos, nada é o que parece.
Quando se está sozinha, sempre aparece alguém.
Quando se está em turma, nunca se anda no mesmo ritmo.
Quando se está com sede, a água fica mais salgada.
Quando se está com fome, o horizonte fica mais longe.
Quando se está de chinelo, dá vontade de pisar na areia.
Quando se anda na areia, queria ter ido de tênis.
Quando se está começando, a pedra fica longe.
Quando volta, o sol já se pôs.
E quando deita, já à noite, a areia fria e a lua cheia
faz querer tudo de novo outra vez.
Pedra
Pedidos
Sol
Areia
e o mar
no vai e vém
zunzunando
a noite inteira
domingo, 10 de fevereiro de 2008
Emília e o Visconde de Sabugosa
Quem pára de piscar, chegou ao fim, morreu.
Piscar é abrir e fechar os olhos - viver é isso.
É um dorme e acorda, dorme e acorda,
A vida das gentes neste mundo, senhor sabugo, é isso.
Cada pisco é um dia. Pisca e mama; pisca e brinca;
- E depois que morre? - perguntou o Visconde.
- Depois que morre, vira hipótese. É ou não é?
sábado, 9 de fevereiro de 2008
mortus consumistas
Gilles Lipovetsky, pensador frances, está em voga.
Em seu livro "Felicidade Paradoxal" ele aponta que hoje todos nós vivemos os indícios aparentes da felicidade (vivemos mais, temos a sexualidade livre, boa saúde, bem estar, vivemos em um país livre, etc), mas ao mesmo tempo, não somos felizes. E por quê? Entre idas e vindas, ele de certa forma transita entre aceitar a sociedade do espetáculo e do consumo (e aprender a sobreviver nela, aceitando os prazeres e/ou desejando-os) e apontar os desastres que ela pode causar em uma sociedade, um mundo, onde a distribuicao de renda, do capital, é desigual.
Eu me pergunto - não seria ele o próprio exemplo da modificacao dessa sociedade? Um exemplo da decadência dessa sociedade hiperconsumista, superficial, intermediada por interesses e imagens? Onde o nosso próprio filósofo contemporâneo, pensador, referência hoje mundial, que ministra palestras no mundo todo, perde-se entre o prazer individual de si mesmo e a avaliacao de um mundo em que as regras do mercado e do capital valem mais que a felicidade construída a partir das relacões humanas e pessoais? Onde o próprio filósofo se coloca em cima do muro entre a postura crítica e seu próprio modo de vida. Onde ele mesmo se encontra entregue à democracia do vazio, em que nada satifaz, nada preenche, nada é real ou verdadeiro.
E nós? E você que lê esta coluna agora não estaria já criando uma imagem a partir do verdadeiro significado entre eu e você? Entre eu e o filósofo, entre o filósofo e você?
É preciso falar. É preciso conversar. Trocar.
Talvez nunca tenhamos as respostas. Talvez as respostas sejam formuladas daqui a 100 anos, quando nós já não estivermos aqui. Talvez nem o mundo esteja mais aqui.
Não seria a tentativa de achar uma resposta ou um rótulo o nosso próprio desejo alienado de encontrar a nossa marca?
Perguntas, perguntas....acho que estamos vivos no meio de alguns já mortos.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
a coisa e o tempo
e pouco tempo no relógio
O melhor é pegar o relógio
e tirar da cabeça
para encontrar o tempo
entre o pensar em fazer
e o fazer em si
e ver se muda
essa coisa da cabeça
para coisa feita
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008
Carne-vale
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
Ser e parecer
segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
Sobre importâncias da Segunda Infância
Hoje cheguei em casa com vontade de cheiro de chuva e terra molhada. Estiquei o braço e peguei o Manoel, de Barros.
"que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem com barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós".
E eu acreditei.
Pois, como ele me disse outro dia, "tudo o que não invento é falso".
domingo, 27 de janeiro de 2008
O vazio de sermos um só
Fazia-se pensar que assim a vida é e assim temos que aceitá-la. Pobre pequena condição humana. Aceitar o que lhe cabia parecia tão pouco, tão ínfimo perto da imensidão da sua criatividade e capacidade de imaginar as coisas.
Aceitar sua condição de ser a partir do outro e saber que o outro nunca poderá ser aquilo que ela deseja ser em si mesma. A individuação do ser humano. A certeza de que todos estamos sós, apesar de não querermos ver. As pessoas ligavam a televisão para não ver. Isso a irritava. A falsa sensação de segurança.
A solidão a apavorava. A incapacidade de dividir o pavor da solidão a apavorava mais ainda. Era impossível descrever aquilo que se passava dentro dela. Ela tinha medo de baratas, ratos, família de ratos. Ela tinha pesadelos. Ela tinha impulsos suicidas de sonhos. Ela via coisas que os outros não viam. E os outros viam cores que ela não via. Os outros e ela nunca veriam as mesmas coisas e isso, ao mesmo tempo que a fascinava, lhe dava medo.
Ela gostava de ficar só. De olhar para a parede branca da sala e lá colocar as coisas que queria viver naquele momento. Ela gostava de tomar banho para poder cantar no seu próprio tom. Para recuperar sua face, seu corpo. Não é que não gostava de gente. Amava. Saboreava o samba, o sexo, a conversa entre amigos. Mas, de vez em quando, quando a realidade já não parecia bastar, ela se fechava em casa e criava o seu dia. Ou a sua noite. Fazia-se companheira de si mesma.
Ela se perguntava quando era que isso acontecia com mais frequência e pressentia que era quando se doava e se misturava aos outros. Ela gostava de tocar as pessoas para saber o limite entre ela e o outro. Para se delinear no espaço. Para se sentir uno. Mas depois da multidão ela sempre voltava para a parede branca e a xícara de chá amarela que guardava no armário. Ela buscava nela aquilo que havia colhido de si através do outro. E se ela não existisse? E se tudo aquilo fosse um sonho, ou uma outra realidade? Como ter a certeza de que você existe? O que é existir? Essas perguntas a assombravam. E ela não conseguia evitar encontrá-las todos os dias.
Às vezes, em dias em que a cabeça já não suportava o pensar, ela se entregava aos goles em busca da alienação do álcool. Ela sabia que era uma fuga. E ela se odiava por isso. Por ter medo do vazio, apesar de atraída. E depois de embriagar-se e de fingir existir dentro de alguma estrutura social, ela voltava para casa, para a parede branca e a xícara de chá.
Com o tempo, a parede branca foi ficando mais branca e o gosto do chá começou a ficar amargo. Aí ela pegou um pincel colorido e um saquinho de adoçante. E pensou como seria se ela conseguisse enfrentar o vazio.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
A vida dos outros
De que vale um amor sem cumplicidade?
De que vale a luta sem a dignidade?
De que vale a vida sem acordos sinceros?
De que vale uma palavra com mentira e falsidade?
De que vale a vida sem contratos cumpridos?
Vale um corpo em farrapos,
um uísque na sarjeta e
uma pessoa desfeita
Fica aqui a dica:
Filme "A vida dos outros"
terça-feira, 22 de janeiro de 2008
cinema: curta-metragem Transviado Ouro
Ensaio
Segue aqui o link do Blog do diretor Fernando Oliveira, que dirigiu o curta-metragem "Transviado Ouro", inspirado no conto "Toda trepada que se queira dar", de Charles Bukowski, do qual participei como atriz. Experiência maravilhosa que entrou no quesito os 10+ de 2007, tanto pelo trabalho em si como pelas pessoas que encontrei.